A criança insubmissa: a potência subversiva do gesto criativo
AUTORIA
Rafaela Paixão
ABSTRACT
A criança insubmissa, versão da criança rebelde e opositiva, desponta nesse trabalho como personagem que faz contraponto às imposições performáticas e às exigências de obediência irrestrita na infância. Inspirados na definição de ‘espaço potencial’, formulada por Donald Winnicott, analisamos as origens da insubmissão psíquica, propondo a presença de uma potência subversiva do gesto criativo como fundamento para a apropriação de si e para o desenvolvimento da potencialidade política das crianças. O objetivo principal, portanto, é apresentar a hipótese de uma “potência subversiva” presente no gesto criativo que contribuiria para uma posição afirmativa das crianças em relação à vida. Me propus a estudar as formas de insubmissão na infância contemporânea enquanto ‘potência de ação’, que traz a marca da ‘subversão’ e da ‘criatividade’ na vida subjetiva das crianças, além de acenar para um horizonte ético de pluralidade. Nesses termos e condições, discutimos um pouco a dimensão política da vida infantil que envolve uma abertura para analisar os jogos de poder e negociação que tensionam, sempre, o processo de subjetivação da criança. Defendemos também que essa potência – que tem seus fundamentos a partir dos afetos experimentados na infância e se apresenta como elemento contínuo na vida psíquica – faz resistência aos cenários restritivos, produz consistência a apropriação de um modo de ser, tanto na intimidade da vida privada quanto na política da vida pública. E, por isso, afirmamos que a criatividade também se expressa como potencialidades políticas das crianças, já que uma forma de subversão marca a ruptura da criança com as práticas de assujeitamento e poder adulto. Assim, consideramos que se pudermos elevar a potência subversiva do gesto criativo a uma condição (partícipe) para a genuína apropriação de si, nossa afirmação sobre a insubmissão psíquica da criança, tal como aqui descrita, pode se apresentar como um elemento importante na compreensão da subjetividade infantil. Concluímos destacando a dimensão ético-política do psicanalista que valoriza o encontro, resiste aos projetos de homogeneização e privilegia a dignidade humana.
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