Melancolia na Infância Institucionalizada: Impossibilidade de Elaborar Lutos Diante de Retraumatismos Inassimiláveis e Imetabolizáveis.

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Pandemia, perdas, luto

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AUTORIA

Juliana Devito

ABSTRACT
O objetivo deste trabalho é fazer uma reflexão sobre a melancolia na infância, diante dos efeitos dos traumatismos recorrentes aos quais as crianças vão sendo submetidas ao longo de suas trajetórias vividas nas instituições de acolhimento. Sem a presença de adultos que possam lhes ajudar na metabolização e assimilação das rupturas e perdas que vão sofrendo desde a separação da família de origem e que possam lhes restituir simbolizações eficientes ao longo do acolhimento institucional; muitas crianças vão apresentando sintomas como desvitalização, desistência de vínculos e atuações de vários tipos. Poucas delas são auxiliadas a mitigar os efeitos disparados pelos trágicos episódios pelos quais passaram e que as arremessaram numa vivência de des-ser, de des-ajuda, de perda de si. Além da perda brusca e, muitas vezes definitiva do primeiro objeto amoroso, muitas delas foram severamente negligenciadas, maltratadas, agredidas física, sexual e psiquicamente. Além disso, muitos desses traumas precoce e previamente vividos por essas crianças, vão sendo sobrepostos a tantas outros que vão se apresentando ao longo da institucionalização, como desistências e devoluções de adoções mal sucedidas, trocas bruscas de SAICA e escola, num ciclo retraumatizante e repetitivo, sedimentando, camada pós camada, mais experiências não elaboráveis. Trata-se, então, de uma reflexão sobre a clínica com crianças que estiveram institucionalizadas em abrigamentos coletivos e que requerem, além de atendimentos psicoterapêuticos, uma abordagem da ordem de uma clínica institucional em equipes clínicas, parecendo mais eficientes em receber esses casos, que dão suporte tanto ao analista que fará o atendimento individual, cono faz uma ponte e articulação importante com os diversos agentes envolvidos na institucionalização das crianças, como SAICAS, Varas da Infância e Juventude, Escolas, etc. Para nos ajudar nessa reflexão, lançaremos mão de vinhetas clínicas, a partir do nosso trabalho em equipe, como coordenadora clínica do Núcleo Acesso do Instituto Sedes Sapientiae. Lançaremos mão, também, de autores da psicanálise como Anne Alvarez, Rene Roussillon, Silvia Bleichmar, Piera Aulagnier, sem contar, claramente, com Freud, para nos fazer pensar clínica e teoricamente sobre essa reflexão.

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